segunda-feira, dezembro 1

Burn After Reading, 2008


Saudosista. Não sou saudosista, e tampouco cabeça fechada ao ponto de não aceitar novos diretores e novos atores. Mas o que escreverei abaixo, é a mais pura opinião de alguém que realmente não está entendendo mais nada. A mais recente produção dos irmãos Coen mantém uma temática que percorre grande parte de sua filmografia: o bizarro e o grotesco. Ao contrário de David Lynch – cineasta que trabalha com esses temas, conhecido por realizações de difícil compreensão –, que cria um universo próprio em (muitos dos) seus filmes, os Coen brincam com o invulgar em um mundo totalmente real.

O roteiro mostra uma incrível habilidade de fazer um enredo sobre nada. O filme todo discorre de uma não-trama, uma não-conspiração, e somos obrigados, ao fim da película, a tentar entender porque diabos ficamos tanto tempo sentados naquela poltrona, esperando algo fazer sentido. Um interessante tema do filme é a paranóia. Principal produto de exportação da sociedade estadunidense da segunda metade do século XX, a paranóia ganhou o mundo e, hoje, já não é mais exclusividade dos norte-americanos. Outros filmes já exploraram este tema no ano que passou, e ainda o medo e a insegurança em que vivem os americanos. Mas este filme, tem um toque especial. Não se fala em bombas ou ataques terroristas, e sim do anti-patriotismo que toca alguns americanos, quando seus interesses estão em jogo.

Outro ponto que me leva ao que escrevi no início do texto, é a falta de ligação que os diretores formam entre o personagem e o telespectador. Quem, algum dia, vai se esquecer da família Corleone? Ou ainda, do Vicent Vega, em Pulp Fiction. São personagens, que embora vilões, foram maquiados para nos fazer pensar que eram bonzinhos. Todavia, isso não acontece com os irmãoes Coen, que fazem questão que não tenhamos nenhuma ligação sentimental com os personagens de sua trama, que nem sempre sobrevivem, sejam bons ou vilões.

Entre essas e outra é que ainda não posso dizer que formei uma opinião sólida a respeito desses irmãos. Terei que esperar a próxima.

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